Trump confirma tarifa de 50% ao Brasil a partir de 1º de agosto e agrava tensão comercial
- Redação

- 21 de jul.
- 3 min de leitura
Agronegócio brasileiro será o mais impactado pelas sobretaxas dos EUA, e governo Lula estuda retaliação caso não haja acordo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, ampliando as sobretaxas iniciadas em abril, que já haviam imposto 10% em aço, alumínio e outros itens. Trump afirma que o déficit comercial e a falta de alinhamento do Brasil motivam as novas medidas, enquanto o governo Lula classifica a ação como injusta e ameaça retaliação caso não haja acordo.
Estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indica que o agronegócio será o mais afetado, com destaque para suco de laranja, café, carne e frutas, que podem ter queda nas exportações devido ao aumento dos custos. A Câmara de Comércio dos EUA e a Amcham alertaram que as tarifas geram prejuízos mútuos e prejudicam empresas de ambos os países.
Em abril, Lula sancionou a Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso, permitindo ao Brasil impor retaliações específicas em resposta a medidas unilaterais de outros países. No dia 14 de julho, o presidente assinou um decreto que regulamentou a lei, criando um sistema de retaliação em duas fases e estabelecendo um comitê interministerial para avaliar contramedidas em casos de emergência ou processos formais com consulta pública.
O Brasil enviou uma carta conjunta dos ministérios das Relações Exteriores e do Comércio ao governo dos EUA em 15 de julho, solicitando negociações para evitar a entrada em vigor das tarifas de 50%. No mesmo período, a U.S. Chamber of Commerce e a Amcham Brasil divulgaram nota pedindo a suspensão imediata da sobretaxa, apontando que a medida aumentará custos para consumidores americanos e afetará cadeias produtivas. No Brasil, a Confederação Nacional da Indústria projetou redução de 0,16% no PIB e a eliminação de mais de 100 mil empregos, principalmente no setor agroindustrial.
“Qualquer medida unilateral será respondida à luz da Lei da Reciprocidade Econômica”, declarou Lula, reafirmando a soberania do Brasil e a independência das instituições.
O presidente classificou a ação dos EUA como ingerência inaceitável e determinou a convocação da embaixadora brasileira em Washington para consultas, informando ainda que, caso não haja acordo, o Brasil aplicará tarifas equivalentes sobre produtos americanos. Paralelamente, fontes diplomáticas avaliam que o clima político entre Brasil e Estados Unidos também é impactado pela atuação de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está nos Estados Unidos mantendo diálogo com políticos conservadores e participando de eventos de campanha ao lado de aliados de Trump. Interlocutores avaliam que Eduardo articula críticas ao governo Lula no exterior em meio às investigações que envolvem seu pai no Brasil, o que aumenta a tensão entre os dois países em um momento delicado de negociações comerciais e pode estar contribuindo para o endurecimento das posturas americanas contra o Brasil.
No dia 17 de julho, Lula reafirmou que o Brasil utilizará os instrumentos disponíveis na Organização Mundial do Comércio para contestar as tarifas e destacou que, caso as negociações não avancem, o país responderá com medidas de reciprocidade, reforçando que não aceitará imposições externas em suas decisões soberanas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as negociações seguem difíceis e que o Brasil poderá redirecionar exportações para outros mercados caso as tarifas entrem em vigor. Enquanto isso, produtores e exportadores brasileiros aceleram embarques antes do prazo de 1º de agosto para reduzir possíveis prejuízos. Especialistas apontam que, embora o PIB brasileiro mantenha projeção de crescimento de 2,2% em 2025, o tarifaço poderá pressionar a inflação, prevista em 5,2%, além de afetar o mercado financeiro e o agronegócio.









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