Após mal-estar diplomático, Alemanha anuncia 1 bilhão de euros para fundo florestal na COP 30
- Redação

- 20 de nov.
- 2 min de leitura
Aporte ao "Fundo Florestas Tropicais Para Sempre" ocorre dias após chanceler Friedrich Merz fazer comentários depreciativos sobre Belém; recurso visa remunerar conservação da Amazônia.

O governo da Alemanha formalizou, na noite desta quarta-feira (19), a intenção de destinar 1 bilhão de euros (cerca de R$ 6,1 bilhões) ao Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF). O anúncio foi realizado durante a reta final da COP 30, em Belém, e é interpretado nos bastidores diplomáticos como um movimento estratégico para dissipar a tensão gerada pelas recentes declarações do chanceler alemão, Friedrich Merz.
Este é o primeiro aporte de grande porte confirmado para o TFFF, mecanismo financeiro idealizado pelo Brasil para remunerar países em desenvolvimento que preservam suas florestas. Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o compromisso alemão fortalece a arquitetura do fundo e pressiona outras economias do G7 a aderirem à iniciativa.
"Fator Merz" e a diplomacia do cheque
A confirmação dos recursos acontece menos de 48 horas após um incidente que estremeceu a relação entre os anfitriões e a delegação europeia. No início da semana, durante um discurso no Congresso Alemão do Comércio, Friedrich Merz fez comentários irônicos sobre a infraestrutura de Belém, sugerindo alívio de sua equipe ao retornar à Europa após a visita à capital paraense.
A fala repercutiu negativamente, gerando notas de repúdio do governo do Pará e de lideranças amazônicas. Fontes ligadas ao Itamaraty avaliam que a agilidade na liberação do bilhão de euros funcionou como um "gesto de reparação" de Berlim, reafirmando a parceria estratégica com o Brasil e evitando que o ruído político ofuscasse a pauta ambiental.
Como funciona o novo fundo
Diferente do Fundo Amazônia, que opera via doações a fundo perdido, o Tropical Forest Forever Facility (TFFF) atua como um fundo de investimento global:
• Capitalização: O valor aportado (como o da Alemanha) é investido no mercado financeiro internacional.
• Pagamentos: Apenas os rendimentos dessas aplicações são usados para pagar os países tropicais.
• Condicional: O repasse exige a manutenção de taxas baixas de desmatamento e degradação.
O governo brasileiro trabalha com uma meta inicial de arrecadação de US$ 25 bilhões para garantir a autossuficiência do mecanismo.
Repercussão na Cúpula
Após o anúncio, a delegação alemã evitou retomar o tema das declarações do chanceler, centrando o discurso na urgência climática. "A proteção das florestas é prioridade absoluta para a segurança global, e a Alemanha está pronta para liderar esse financiamento", afirmou um porta-voz do governo alemão.
A expectativa agora recai sobre França e Reino Unido, que podem anunciar novos compromissos financeiros antes do encerramento oficial da COP 30, previsto para esta sexta-feira (21).









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