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Tragédia na Líbia: Centenas de corpos encontrados nas praias após tempestade devastadora

  • Foto do escritor: Rony Costa
    Rony Costa
  • 16 de set. de 2023
  • 4 min de leitura

Rastro do fenômeno "medicane" - Entenda os devastadores prejuízos com corpos nas praias


Destruição na cidade de Derna, na Líbia, em 12 de setembro de 2023
Foto: Esam Omran Al-Fetori/Reuters

Líbia - Nos dias subsequentes às enchentes provocadas pela tempestade tropical Daniel que assolou o leste da Líbia, um cenário de devastação continua a se desenrolar. Centenas de corpos começaram a aparecer nas praias da região, lançando uma luz ainda mais sombria sobre uma tragédia que já tirou a vida de mais de 11 mil pessoas e deixou outras 10 mil desaparecidas.


Este ciclone, que apresenta características semelhantes a de um furacão, formou-se no Mar Mediterrâneo a 5 de setembro de 2023. Em apenas 5 dias, descarregou chuva equivalente a vários meses em países como Grécia, Turquia e Bulgária, onde o rastro de inundações catastróficas, destruição e vítimas mortais foi brutal.


As inundações catastróficas afetaram o leste do país no domingo (10). As águas romperam duas barragens e derrubaram quatro pontes na cidade portuária de Derna — a mais afetada na Líbia — que praticamente submergiu quando o furacão Daniel atingiu o país.


De acordo com o Crescente Vermelho, a organização equivalente à Cruz Vermelha em países de maioria islâmica, os corpos estão sendo levados pelas marés das águas e começaram a ser encontrados nas praias da cidade de Derna, uma das áreas mais afetadas. Bilal Sablouh, gerente regional de perícia da Cruz Vermelha para a África, relatou o impacto angustiante.


“Em apenas duas horas, um dos meus colegas contou mais de 200 corpos na praia perto de Derna. Os corpos estão espalhados pelas ruas, sendo levados para a costa e enterrados sob edifícios desabados e escombros", disse Sablouh.



Imagens: Crescente Vermelha/AFP / Esam Omran Al-Fetori/Reuters /Ayman Al-Sahili/Reuters


A situação é agravada pelo número crescente de mortos, que agora ultrapassou a marca de 11,3 mil. A cidade de Derna sofreu severamente com a destruição de duas barragens e o alagamento da região central. Mais de mil vítimas já foram enterradas em valas comuns na cidade, uma medida que gerou preocupações por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Dr. Kazunobu Kojima, responsável pela biossegurança e bioproteção do Programa de Emergências Sanitárias da OMS, apelou por enterros individuais demarcados e documentados, destacando que enterros em massa podem causar angústia mental para as famílias e desencadear problemas sociais e jurídicos.


As autoridades locais estão lutando para lidar com a quantidade de corpos que se espalham pelas ruas de Derna. O Crescente Vermelho tomou medidas, enviando um voo de carga para Benghazi, a maior cidade do leste da Líbia, contendo 5 mil sacos para cadáveres. O Conselho Norueguês para os Refugiados, que mantém uma equipe de cem pessoas na Líbia, destacou a gestão de cadáveres como a preocupação mais urgente.


Martin Griffiths, chefe de Ajuda Humanitária da ONU, enfatizou a necessidade de equipamentos para resgatar pessoas presas em lama e edifícios danificados após as inundações. Além disso, cuidados de saúde primários são essenciais para evitar surtos de cólera entre os sobreviventes.


A tragédia na Líbia continua a evoluir, e a assistência humanitária e a gestão apropriada dos corpos se tornaram questões cruciais em meio a essa crise devastadora.


Foto: Abdomenum Aljhemy/CARE

Cronologia dos Acontecimentos


  1. Formação da Tempestade: A tempestade começou como um sistema de tempestades na Europa, migrando em direção à Líbia através do Mar Mediterrâneo.

  2. Nomeação como “Tempestade Daniel”: Inicialmente, o fenômeno foi nomeado “Tempestade Daniel” devido à sua formação na Grécia, sob a supervisão do Serviço Meteorológico Nacional Helênico.

  3. Primeira Morte na Grécia: A primeira morte relacionada às chuvas extremas ocorreu na Grécia no dia 5.

  4. Registro de Chuvas Extremas na Grécia: As autoridades gregas alertaram que essa tempestade era o “maior fenômeno extremo em termos de quantidade de chuva em 24 horas” desde o início dos registros.

  5. Impacto na Grécia: Após cinco dias de tempestades, as enchentes na Grécia resultaram em 15 mortes, com pontos do país registrando até 750 milímetros de chuva em apenas 24 horas.

  6. Afetação de Turquia e Bulgária: O sistema de tempestades também afetou a Turquia e a Bulgária, ampliando sua trajetória de destruição.

  7. Transformação em “Medicane”: À medida que a tempestade se deslocava em direção à Líbia, ganhou características de “medicane”, um furacão do Mediterrâneo.

  8. Impacto na Líbia: A tempestade atingiu seu ápice no nordeste da Líbia no dia 10 de setembro, com ventos fortes de 70 a 80 km/h.

  9. Chuvas Torrenciais em Derna: Nas cidades líbias, chuvas torrenciais de até 240 mm causaram inundações, incluindo em Al-Bayda, que registrou um recorde de 414,1 mm de chuva em 24 horas, de acordo com o Centro Meteorológico Nacional.

  10. Colapso de Barragens em Derna: Duas antigas barragens em Derna entraram em colapso, resultando na perda de bairros inteiros, de acordo com o serviço meteorológico líbio.


O que é "medicane"


O termo "medicane" é uma combinação de "Mediterrâneo" e "furacão" em inglês (hurricane). Esse nome foi cunhado nos anos 1980 para descrever um fenômeno climático extremo que ocorre sobre o Mar Mediterrâneo. O "medicane" é caracterizado por ter características semelhantes a um furacão, incluindo ventos intensos, chuvas torrenciais e tempestades destrutivas, mas ocorre em uma região geográfica diferente. No caso do evento que atingiu a Líbia, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) o identificou como um "medicane" devido à sua formação como parte de um "sistema de tempestades" que se originou na Europa, atravessou o Mar Mediterrâneo e atingiu a Líbia com uma força concentrada. Esse fenômeno climático excepcional teve um impacto devastador e resultou em milhares de mortes na região.


Como Ajudar


As consequências desta tempestade invulgarmente forte apresentam desafios significativos aos esforços de socorro. A principal infraestrutura, incluindo estradas e linhas de comunicação, suportou o peso do impacto da tempestade, tornando o acesso às áreas afetadas mais complicado. A recuperação deste desastre pode levar muitos meses, até anos, e será necessária assistência a longo prazo.


Neste momento crítico, organizações humanitárias como o Fórum INGO da Líbia, que inclui membros como o Conselho Norueguês para os Refugiados e o International Rescue Committee, estão profundamente envolvidas nas operações de ajuda humanitária. Elas estão no terreno na região leste, planejando realizar uma avaliação conjunta para avaliar a extensão dos danos na área atingida pela tempestade.


Além disso, as Nações Unidas estão a responder com uma avaliação abrangente das necessidades que ajudará a delinear os requisitos de financiamento.


Para fazer a diferença e apoiar esses esforços humanitários, você pode contribuir através do site da CARE: Faça uma doação aqui


Sua contribuição fará a diferença na ajuda às vítimas dessa tragédia e na reconstrução das áreas afetadas. Cada gesto conta quando se trata de trazer alívio e esperança a quem mais precisa.


Nota: Os dados e informações apresentados neste artigo foram extraídos do portal G1/Tempo.

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