Mariene de Castro desabafa ao ser excluída do Carnaval de Salvador: ‘A cor dessa cidade não sou eu’

A cantora usou as redes sociais para desabafar com um texto reflexivo

Foto: Roberto Filho/Divulgação

A cantora e compositora Mariene de Castro utilizou às redes sociais nesta terça-feira (14) para desabafar sobre falta de convites para participar do carnaval de Salvador.

Na publicação, Mariene respondeu aos questionamentos dos fãs sobre sua ausência na maior festa popular do planeta.

"Muita gente me perguntando porque estou fora do carnaval de Salvador. Não vejo novidade alguma nisso. Não me lembro a última vez que fui convidada para cantar no carnaval de minha cidade pelos órgãos responsáveis pela maior festa do planeta", iniciou Mariene.

"Não me pergunte por que, que eu não vou saber lhe responder. Eu até já me perguntei isso. E até achei que fosse algo da minha competência. Já cheguei a achar que o problema estava comigo, rs. Mas não tá não. Eu sou do Samba né? Do Samba da Bahia né? Ah tá! O samba da Bahia faz parte do Carnaval de Salvador? Faz? Ah que bom! Então viu", continou a artista.

"Eu nasci e me criei nessa cidade que nunca deu espaço de dignidade à música que eu faço. Por quê? Não sei. Aliás! Deve ser porque canto macumba. Já me disseram para parar de cantar essas coisas que é coisa do diabo".

A artista também comparou os valores ofertado para outros artistas.

"Deve ser por que… Deixa eu vê… Deve ser que uma cantora que canta com um prato na mão deve tá pedindo esmola né? Será que é por isso que os cachês que são oferecidos não condizem com as fortunas pagas aos artistas que não cantam com um prato na mão? Acho que não vou mais cantar com prato na mão pra vê se o pessoal entende que eu não estou pedindo esmola".

"Eu só quero cantar. Com dignidade. A mesma dignidade de todos. Mas todos é uma coisa que não existe. Nem aqui em Salvador nem em lugar nenhum. Tem gente que come ouro e gente que cata lixo pra comer", acrescentou.

A cantora citou que ao ser convidada para cantar em outras cidades, descreve ter sido "tratada como rainha", por exemplo, um show que realizou em Recife (PE).

"Me lembro que em 2019 fui cantar em Recife no maior Carnaval da Cidade. Fui tratada como rainha. Então é isso. Santo de Casa não faz milagre. Eu estou bem. E desejo um lindo carnaval pra todos".

"A cor dessa cidade não sou eu! O canto dessa cidade não é meu! Ainda assim! Seguirei cantando! Pois sou água. Nunca se esqueçam disso", finalizou Mariene.

Sobre a sua trajetória musical

Mariene começou sua carreira dando apoio nos vocais para Carlinhos Brown e a banda Cheiro de Amor, mas também já foi vocalista do grupo Timbalada.

Em 2004 passou a ser a cantora principal do Bloco Cortejo Afro. Neste mesmo ano gravou o CD "Abre caminho", com esse disco a cantora recebeu o Prêmio Tim de Melhor Disco na categoria "Regional" e o Prêmio Rumos do Itaú Cultural.

Mariene ajudou reviver estilos nordestinos como maracatu e samba de roda. Ela já se apresentou em grandes eventos, como as Olimpíadas de 2016, quando cantou "Pelo Tempo Que Durar" ao lado da pira olímpica.